terça-feira, 21 de agosto de 2018

Hank Pym - O Homem Formiga Original






Este fim-de-semana fui ver o novo filme da Marvel, Homem-Formiga e a Vespa, e ao ver o Michael Douglas a fazer de Hank Pym e a Michelle Pfeiffer a fazer de Janet Van Dyne, passou-me pela cabeça a história conturbada entre os dois.

Henry "Hank" Pym foi criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby tendo surgido na revista Tales to Astonish #27 de Janeiro de 1962.

A história era para ser a única aparição do personagem, como acontecia em muitos títulos da Marvel na altura. The Man in the Ant Hill (O Homem na Colina da Formiga) foi uma história de sete páginas em que um cientista utilizava uma tecnologia nova e uma descoberta cientifica para encolher ao ponto de ficar do tamanho de uma formiga. Na história, ele era perseguido por abelhas e formigas. Imaginem um "Querida, Encolhi os Miúdos" no inicio dos anos 60.

A história acabou por vender bem ao ponto de Stan Lee querer tornar Hank Pym num super-herói. Em Setembro desse ano, em Tales to Astonish #35, Hank Pym voltava a aparecer e assumia a identidade de Homem-Formiga. A edição #44 introduziu Janet Van Dyne, que no mesmo número se tornou a Vespa e parceira do Homem-Formiga.


Em Setembro de 1963, o Homem-Formiga e a Vespa fundavam os Vingadores em conjunto com o Hulk, o Homem-de-Ferro e o Thor.

Ao longo dos anos, Hank e Janet saíram e voltaram a entrar várias vezes na equipa. Da mesma forma, Hank assumiu várias identidades como Giant-Man, Goliath e Yellowjacket.

As várias identidades que assumiu ao longo do tempo eram apenas sinais de instabilidade mental. No seu primeiro regresso aos Vingadores, Hank assumiu a identidade de Giant-Man devido a sentir-se inferiorizado perante pesos pesados como o Thor, o Capitão América e o Homem-de-Ferro. Nesse altura, desenvolveu uma relação romântica com Janet. Pouco tempo depois, saem temporariamente da equipa e quando regressam, assume uma nova identidade, a de Goliath. Um acidente faz com que ele fique na forma de gigante durante uns números o que afecta ainda mais a sua auto-estima. Após voltar a assumir o controlo do seu tamanho, cria o robô Ultron que se torna consciente e um dos maiores vilões dos Vingadores. Durante uma experiência falhada, Pym inala substâncias químicas que o tornam esquizofrénico e sofre de uma crise de personalidade. Reaparece na Mansão dos Vingadores como o  arroante Yellowjacket e alega ter eliminado Pym. Apenas a Vespa percebe que é Hank e aceita a sua oferta de casamento. Hank recupera das substâncias químicas durante uma batalha com o Circo do Crime no casamento. Alguns anos depois, depois de várias saídas e regressos aos Vingadores, o comportamento de Hank começa a tornar-se errático e agressivo com Janet.
Inclusive, chega a atacar um inimigo por trás após o mesmo ter-se rendido, o que leva o Capitão América a suspendê-lo dos Vingadores após um tribunal marcial.

Nessa altura, Hank sofre um esgotamento nervoso e ocorre o momento que irá marcar o personagem para sempre.
De forma a tentar restaurar a sua credibilidade perante a equipa, engendra um plano de construir um robô que irá atacar a equipa e num momento crucial iria utilizar o ponto fraco da máquina para a derrotar sozinho. Janet descobre o plano e pede a Hank para parar, o que leva a que Hank lhe bata.
Jim Shooter, o escritor dos Vingadores na altura, queria que o estalo fosse acidental quando Hank tentava afastar Janet, mas o desenhador Bob Hall não compreendeu a ideia e fez com que fosse um valente estalo.

Hank é expulso dos Vingadores e Janet divorcia-se.

Depois de se redimir e dos Vingadores e Janet o perdoarem, Hank coloca de lado o super-herói e decide dedicar-se a tempo inteiro à sua pesquisa cientifica.

Hoje, passados 30 anos, depois de ter voltado aos Vingadores várias vezes e ter quase reatado com Janet, nenhum dos leitores se esquece do acto de violência doméstica...

Abaixo, poderão efectuar o download do TPB The Many Faces of Hank Pym onde poderão ver várias fases da carreira do Homem Formiga original. Basta clickarem na imagem.

https://mega.nz/#!S0YDjIaI!ptlNxt2hSegf_t5hkI0T2hd2qLMaVb3oc9NKzyN0Sk0




 






sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A Morte e o Regresso do Super-Homem


18 de Novembro de 1992 marca a morte do Super-Homem. Eu tinha 12 anos quando vi a notícia da morte do maior herói do planeta do Telejornal da RTP1. Não era a primeira vez que um super-herói morria e não seria a última. Quem está habituado a ler comics já via mortes e resurreições tantas vezes que até aposta o tempo que irá demorar até o herói voltar à vida.
No entanto, tratava-se da morte do primeiro super-herói, um dos personagens mais facilmente reconhecidos na cultura pop.

As repercursões da sua morte abalaram o mundo.


 Mas o que levou a DC Comics a matar o Homem de Aço?

Tudo começou com um noivado. Em Superman 50, Clark Kent pede em casamento Lois Lane. Ela aceita e pouco depois, Clark revelou a sua identidade secreta a Lois. Os planos do escritório do Superman (que na época tinha 4 títulos mensais Superman, Action Comics, Adventures of Superman e Superman: The Man of Steel) era que o casamento ocorresse em Superman #75.





O problema surgiu quando saíram notícias de uma nova série de TV do Super-homem que estava em desenvolvimento para ser lançada em 1993. A Warner Bros. queria que houvesse uma sinergia entre os comics e a série de TV. Antes que saísse Lois & Clark; As novas aventuras do Super-homem, os planos para o casamento em  Superman #75 estavam cancelados...

No inicio dos anos 90, os comics que tinham uma linha de títulos como Superman, Batman, X-Men entre outros, tinham retiros entre as suas equipas criativas para planearem o ano seguinte de tramas. Foi num desses retiros que o editor do grupo Superman, Mike Carlin, comunicou aos escritores que não podiam avançar com o plano inicial do casamento. Jerry Ordway, o escritor de Adventures of Superman, era o último da equipa criativa que restava do reboot do Superman após a Crise nas Infinitas Terras 6 anos antes. Nos retiros, quando as equipas criativas procuravam ter ideias para storylines, Ordway sugeria sempre que deviam era matar o Super-Homem.

Dessa vez, a ideia pegou...


Uma das coisas impressionantes na época era o quão Mike Carlin tinha a máquina dos títulos Superman oleada. Ele supervisionava as equipas criativas de forma a que as histórias entre os 4 títulos mensais funcionassem como um grande enredo semanal do Super-Homem. Introduziram o sistema de triângulo nas capas de forma a que os leitores soubessem a ordem de leitura entre as revistas. À medida que se aproximavam da storyline da "Morte do Super-Homem", durante um mês os 4 títulos mostravam Doomsday a esmurrar e a abrir lentamente o caminho para a saída da sua prisão. A ideia era que os efeitos sonoros fosse ficando cada vez mais altos à medida Doomsday ia escapando.

A DC foi totalmente apanhada de supresa com a atenção que a história apanhou. Apesar de ter sido anunciado meses antes que o Super-Homem ia mesmo morrer, a notícia correu mundo. Mike Carlin uma vez disse que se a Madonna tivesse dado à luz nesse dia, ninguém ia querer saber.





A saga Doomsday teve sete partes e foi um festival de pancadaria. Após derrotar a Liga da Justiça com um braço às costas (literalmente), o Super-Homem era a única coisa que o tentava impedir de chegar a Metropolis.

Em Superman #75, o Homem de Aço tomba...


Com o público ainda em choque, a DC apressou-se a aproveitar o rescaldo da saga. Com o funeral do Super-Homem que se espalhou por 8 partes com o título "Funeral For a Friend" (Funeral para um Amigo) bem como com vários one-shots como "Legacy of Superman" e uma edição da revista fictícia Newstime como se fosse lançada no mundo real. 



Então, na parte final da história, com o Super-Homem agora enterrado, o pai do Super-Homem, Jonathan Kent, teve um ataque cardíaco na fazenda Kent. Os títulos Superman ficariam parados por dois meses depois de terminarem com um momento tão sombrio! Foi uma decisão muito ousada da DC ao se comprometer a não ter novos lançamentos do Super-Homem por dois meses inteiros, especialmente em uma época em que tudo relacionado com o Super-Homem estavam a vender como nunca.


Enquanto a DC Comics estava preparada para a história receber muita atenção, ficaram chocados não só pela atenção que ganharam, mas pelo tempo que a atenção parecia durar. Originalmente, Mike Carlin planeava trazer o Super-Homem de volta à vida em Adventures of Superman # 500. No entanto, a reacção do público levou a mudar os seus planos.

 Em vez disso, essa revista apresentaria quatro homens, cada um apresentando-se como substituto do Super-Homem (John Henry Irons, também conhecido como Steel), um clone do Super-Homem (libertado demasiado cedo, era um adolescente ou um "Superboy") ou como o próprio Super-homem (regressado como um cyborg ou como um ser puramente kryptoniano sem um fragmento de humanidade). A revista, escrita por Jerry Ordway (em sua despedida de Superman por enquanto), também viu Jonathan Kent sobreviver ao seu ataque cardíaco.

Um aspecto interessante dos quatro "novos" Super-Homens em "O Reino dos Super-Homens" (Reign of the Supermen, o título homenageou a primeira história de Superman de Jerry Siegel e Joe Shuster de 1933) é que cada um deles se baseava nos enredos de longo prazo dos escritores que os escrevia, com excepção do novíssimo escritor Karl Kesel, que ainda se inspirava nas revistas de Superman para a história do laboratório secreto de genética, Cadmus, que criara um clone de Super-Homem.

Louise Simonson ligou Steel às suas subtramas de longa duração sobre o Beco do Suicídio de Metropolis, enquanto o Super-Homem alienígena nas revistas de Roger Stern acabou por ser o Erradicador, uma máquina Kryptoniana que Stern usara anos antes, e o Cyborg Superman foi revelado como sendo Hank Henshaw, um vilão inspirado em Reed Richards que Dan Jurgens introduzira alguns anos antes.

Eventualmente, quando o Superman Cyborg revelou-se como um vilão e os outros três heróis (juntamente com Supergirl, que era uma alienígena metamorfa conhecida como Matrix e que nessa altura namorava com Lex Luthor) se uniram para detê-lo, eles se juntaram a um veículo kryptoniano que continha ninguém menos que o Super-Homem original! Ele foi revivido em um traje especial de regeneração Kryptoniano prateado e preto e o seu cabelo tinha crescido enquanto ele era ressuscitado (o Erradicador tinha roubado o corpo do Super-Homem e o trazido de volta à vida).





No final da história, com Cyborg Superman derrotado e os poderes do Super-Homem restabelecidos, os criadores decidiram manter os cabelos do Super-Homem longos como uma maneira de significar uma mudança no personagem. O cabelo longo durou mais de três anos antes de Super-Homem cortá-lo para o seu casamento com Lois Lane em 1996 (que aconteceu na mesma altura que Lois e Clark se casaram na série de TV).


Um dos aspectos mais devastadores de "A Morte do Super-Homem" é que Lois Lane, Lana Lang, Martha e Jonathan Kent sabiam que a morte do Super-Homem também significava a morte de Clark Kent, mas eles não podiam fazer o luto com outras pessoas devido à identidade secreta de Clark, que eles mantinham em segredo mesmo depois de sua morte.

Quando o Super-Homem voltou à vida, eles tiveram que dar uma explicação do porquê de Clark (que se acreditava ter sido morto no ataque do Doomsday em Metrópolis) ter sobrevivido. Felizmente, o Super-Homem era amigo de Supergirl (ela também sabia sua identidade secreta e na verdade viveu com Ma e Pa Kent por um tempo) e ela assumiu a identidade de Clark enquanto o “Super-Homem” “resgatava” “Clark” do porão onde estava preso (com comida suficiente para durar todo o tempo em que ele foi dado como morto).


Numa nota final e para fechar o círculo, na introdução do Cyborg Superman, o Cyborg enviou o corpo de Doomsday para o espaço sideral. Lá, descobre-se que Doomsday também tinha regressado dos mortos! Em 1994, Dan Jurgens e Brett Breeding fizeram o Super-Homem desforrar-se de Doomsday. Isso aconteceu na mini-série em três números, Superman / Doomsday: Hunter / Prey.

Doomsday acabou em Apokolips e é dada ao Super-Homem é  uma Mother Box que lhe dá um traje especial dos anos 90, completo com uma faca especial e uma arma. Doomsday, como se viu, não poderia ser morto da mesma maneira duas vezes. Então, o Super-Homem tinha de descobrir uma maneira de detê-lo sem apenas bater nele até a morte, já que isso não funcionaria mais. O Super-Homem acabou por prender Doomsday via viagem no tempo no fim do próprio tempo.