Este fim-de-semana fui ver o novo filme da Marvel, Homem-Formiga e a Vespa, e ao ver o Michael Douglas a fazer de Hank Pym e a Michelle Pfeiffer a fazer de Janet Van Dyne, passou-me pela cabeça a história conturbada entre os dois.
Henry "Hank" Pym foi criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby tendo surgido na revista Tales to Astonish #27 de Janeiro de 1962.
A história era para ser a única aparição do personagem, como acontecia em muitos títulos da Marvel na altura. The Man in the Ant Hill (O Homem na Colina da Formiga) foi uma história de sete páginas em que um cientista utilizava uma tecnologia nova e uma descoberta cientifica para encolher ao ponto de ficar do tamanho de uma formiga. Na história, ele era perseguido por abelhas e formigas. Imaginem um "Querida, Encolhi os Miúdos" no inicio dos anos 60.
A história acabou por vender bem ao ponto de Stan Lee querer tornar Hank Pym num super-herói. Em Setembro desse ano, em Tales to Astonish #35, Hank Pym voltava a aparecer e assumia a identidade de Homem-Formiga. A edição #44 introduziu Janet Van Dyne, que no mesmo número se tornou a Vespa e parceira do Homem-Formiga.
Em Setembro de 1963, o Homem-Formiga e a Vespa fundavam os Vingadores em conjunto com o Hulk, o Homem-de-Ferro e o Thor.
Ao longo dos anos, Hank e Janet saíram e voltaram a entrar várias vezes na equipa. Da mesma forma, Hank assumiu várias identidades como Giant-Man, Goliath e Yellowjacket.
As várias identidades que assumiu ao longo do tempo eram apenas sinais de instabilidade mental. No seu primeiro regresso aos Vingadores, Hank assumiu a identidade de Giant-Man devido a sentir-se inferiorizado perante pesos pesados como o Thor, o Capitão América e o Homem-de-Ferro. Nesse altura, desenvolveu uma relação romântica com Janet. Pouco tempo depois, saem temporariamente da equipa e quando regressam, assume uma nova identidade, a de Goliath. Um acidente faz com que ele fique na forma de gigante durante uns números o que afecta ainda mais a sua auto-estima. Após voltar a assumir o controlo do seu tamanho, cria o robô Ultron que se torna consciente e um dos maiores vilões dos Vingadores. Durante uma experiência falhada, Pym inala substâncias químicas que o tornam esquizofrénico e sofre de uma crise de personalidade. Reaparece na Mansão dos Vingadores como o arroante Yellowjacket e alega ter eliminado
Pym.Apenas a Vespa percebe que é Hank e aceita a sua oferta de casamento. Hank recupera das substâncias químicas durante uma batalha com o Circo do Crime no casamento. Alguns anos depois, depois de várias saídas e regressos aos Vingadores, o comportamento de Hank começa a tornar-se errático e agressivo com Janet. Inclusive, chega a atacar um inimigo por trás após o mesmo ter-se rendido, o que leva o Capitão América a suspendê-lo dos Vingadores após um tribunal marcial.
Nessa altura, Hank sofre um esgotamento nervoso e ocorre o momento que irá marcar o personagem para sempre.
De forma a tentar restaurar a sua credibilidade perante a equipa, engendra um plano de construir um robô que irá atacar a equipa e num momento crucial iria utilizar o ponto fraco da máquina para a derrotar sozinho. Janet descobre o plano e pede a Hank para parar, o que leva a que Hank lhe bata.
Jim Shooter, o escritor dos Vingadores na altura, queria que o estalo fosse acidental quando Hank tentava afastar Janet, mas o desenhador Bob Hall não compreendeu a ideia e fez com que fosse um valente estalo.
Hank é expulso dos Vingadores e Janet divorcia-se.
Depois de se redimir e dos Vingadores e Janet o perdoarem, Hank coloca de lado o super-herói e decide dedicar-se a tempo inteiro à sua pesquisa cientifica.
Hoje, passados 30 anos, depois de ter voltado aos Vingadores várias vezes e ter quase reatado com Janet, nenhum dos leitores se esquece do acto de violência doméstica...
Abaixo, poderão efectuar o download do TPB The Many Faces of Hank Pym onde poderão ver várias fases da carreira do Homem Formiga original. Basta clickarem na imagem.
18 de Novembro de 1992 marca a morte do Super-Homem. Eu tinha 12 anos quando vi a notícia da morte do maior herói do planeta do Telejornal da RTP1. Não era a primeira vez que um super-herói morria e não seria a última. Quem está habituado a ler comics já via mortes e resurreições tantas vezes que até aposta o tempo que irá demorar até o herói voltar à vida.
No entanto, tratava-se da morte do primeiro super-herói, um dos personagens mais facilmente reconhecidos na cultura pop.
As repercursões da sua morte abalaram o mundo.
Mas o que levou a DC Comics a matar o Homem de Aço?
Tudo começou com um noivado. Em Superman 50, Clark Kent pede em casamento Lois Lane. Ela aceita e pouco depois, Clark revelou a sua identidade secreta a Lois. Os planos do escritório do Superman (que na época tinha 4 títulos mensais Superman, Action Comics,Adventures of Superman e Superman: The Man of Steel) era que o casamento ocorresse em Superman #75.
O problema surgiu quando saíram notícias de uma nova série de TV do Super-homem que estava em desenvolvimento para ser lançada em 1993. A Warner Bros. queria que houvesse uma sinergia entre os comics e a série de TV. Antes que saísse Lois & Clark; As novas aventuras do Super-homem, os planos para o casamento em Superman #75 estavam cancelados...
No inicio dos anos 90, os comics que tinham uma linha de títulos como Superman, Batman, X-Men entre outros, tinham retiros entre as suas equipas criativas para planearem o ano seguinte de tramas. Foi num desses retiros que o editor do grupo Superman, Mike Carlin, comunicou aos escritores que não podiam avançar com o plano inicial do casamento. Jerry Ordway, o escritor de Adventures of Superman, era o último da equipa criativa que restava do reboot do Superman após a Crise nas Infinitas Terras 6 anos antes. Nos retiros, quando as equipas criativas procuravam ter ideias para storylines, Ordway sugeria sempre que deviam era matar o Super-Homem.
Dessa vez, a ideia pegou...
Uma das coisas impressionantes na época era o quão Mike Carlin tinha a máquina dos títulos Superman oleada. Ele supervisionava as equipas criativas de forma a que as histórias entre os 4 títulos mensais funcionassem como um grande enredo semanal do Super-Homem. Introduziram o sistema de triângulo nas capas de forma a que os leitores soubessem a ordem de leitura entre as revistas. À medida que se aproximavam da storyline da "Morte do Super-Homem", durante um mês os 4 títulos mostravam Doomsday a esmurrar e a abrir lentamente o caminho para a saída da sua prisão. A ideia era que os efeitos sonoros fosse ficando cada vez mais altos à medida Doomsday ia escapando.
A DC foi totalmente apanhada de supresa com a atenção que a história apanhou. Apesar de ter sido anunciado meses antes que o Super-Homem ia mesmo morrer, a notícia correu mundo. Mike Carlin uma vez disse que se a Madonna tivesse dado à luz nesse dia, ninguém ia querer saber.
A saga Doomsday teve sete partes e foi um festival de pancadaria. Após derrotar a Liga da Justiça com um braço às costas (literalmente), o Super-Homem era a única coisa que o tentava impedir de chegar a Metropolis.
Em Superman #75, o Homem de Aço tomba...
Com o público ainda em choque, a DC apressou-se a aproveitar o rescaldo da saga. Com o funeral do Super-Homem que se espalhou por 8 partes com o título "Funeral For a Friend" (Funeral para um Amigo) bem como com vários one-shots como "Legacy of Superman" e uma edição da revista fictícia Newstime como se fosse lançada no mundo real.
Então, na parte
final da história, com o Super-Homem agora enterrado, o pai do Super-Homem,
Jonathan Kent, teve um ataque cardíaco na fazenda Kent.Os títulos Superman ficariam parados por dois meses depois de terminarem com um momento tão sombrio!Foi
uma decisão muito ousada da DC ao se comprometer a não ter novos
lançamentos do Super-Homem por dois meses inteiros, especialmente em uma
época em que tudo relacionado com o Super-Homem estavam a vender como nunca.
Enquanto
a DC Comics estava preparada para a história receber muita atenção, ficaram chocados não só pela atenção que ganharam, mas pelo tempo que a
atenção parecia durar.Originalmente, Mike Carlin planeava trazer o Super-Homem de volta à vida em Adventures of Superman # 500.No entanto, a reacção do público levou a mudar os seus planos.
Em
vez disso, essa revista apresentaria quatro homens, cada um
apresentando-se como substituto do Super-Homem (John Henry Irons, também
conhecido como Steel), um clone do Super-Homem (libertado demasiado cedo, era um adolescente ou um "Superboy")ou como o próprio Super-homem (regressado como um cyborg ou como um ser puramente kryptoniano sem um fragmento de humanidade).A revista, escrita por Jerry Ordway (em sua despedida de Superman por
enquanto), também viu Jonathan Kent sobreviver ao seu ataque cardíaco.
Um
aspecto interessante dos quatro "novos" Super-Homens em "O Reino dos Super-Homens" (Reign of the Supermen, o título homenageou a primeira história de
Superman de Jerry Siegel e Joe Shuster de 1933) é que cada um deles se baseava nos
enredos de longo prazo dos escritores queos escrevia,
com excepção do novíssimo escritor Karl Kesel, que ainda se inspirava nas revistas de Superman para a história do laboratório secreto
de genética, Cadmus, que criara um clone de Super-Homem. Louise
Simonson ligou Steel às suas subtramas de longa duração sobre o Beco do Suicídio de Metropolis, enquanto o Super-Homem alienígena nas revistas de Roger Stern
acabou por ser o Erradicador, uma máquina Kryptoniana que Stern usara anos
antes, e o Cyborg Superman foi revelado como sendoHank Henshaw, um vilão inspirado em Reed Richards que Dan Jurgens introduzira alguns anos antes.
Eventualmente,
quando o Superman Cyborg revelou-se como um vilão e os outros três
heróis (juntamente com Supergirl, que era uma alienígena metamorfa conhecida como Matrix e que nessa altura namorava com Lex Luthor) se uniram para
detê-lo, eles se juntaram a um veículo kryptonianoque continha ninguém menos que o Super-Homem original!Ele
foi revivido em um traje especial de regeneração Kryptoniano prateado e
preto e o seu cabelo tinha crescido enquanto ele era ressuscitado
(o Erradicador tinha roubado o corpo do Super-Homem e o trazido de volta
à vida).
No final da história, com Cyborg
Superman derrotado e os poderes do Super-Homem restabelecidos, os criadores
decidiram manter os cabelos do Super-Homem longos como uma maneira de
significar uma mudança no personagem.O cabelo
longo durou mais de três anos antes de Super-Homem cortá-lo para o seu
casamento com Lois Lane em 1996 (que aconteceu na mesma altura que Lois e Clark se
casaram na série de TV).
Um dos
aspectos mais devastadores de "A Morte do Super-Homem" é que Lois Lane,
Lana Lang, Martha e Jonathan Kent sabiam que a morte do Super-Homem
também significava a morte de Clark Kent, mas eles não podiam fazer o luto
com outras pessoas devido à identidade secreta de Clark, que eles mantinham em segredo mesmo depois de sua morte.
Quando
o Super-Homem voltou à vida, eles tiveram que dar uma explicação do
porquê de Clark (que se acreditava ter sido morto no ataque do Doomsday em Metrópolis) ter sobrevivido. Felizmente,
o Super-Homem era amigo de Supergirl (ela também sabia sua identidade secreta
e na verdade viveu com Ma e Pa Kent por um tempo) e ela assumiu a
identidade de Clark enquanto o “Super-Homem” “resgatava” “Clark” do porão onde estava preso (com comida suficiente para durar todo o tempo em que ele foi dado como morto).
Numa nota final e para fechar o círculo, na introdução do Cyborg Superman, o Cyborg enviou o corpo de Doomsday para o espaço sideral. Lá, descobre-se que Doomsday também tinha regressado dos mortos! Em 1994, Dan Jurgens e Brett Breeding fizeram o Super-Homem desforrar-se de Doomsday. Isso aconteceu na mini-série em três números, Superman / Doomsday: Hunter / Prey.
Doomsday
acabou em Apokolips e é dada ao Super-Homem é uma Mother Box que lhe dá um
traje especial dos anos 90, completo com uma faca especial e uma arma. Doomsday,
como se viu, não poderia ser morto da mesma maneira duas vezes. Então, o
Super-Homem tinha de descobrir uma maneira de detê-lo sem apenas bater
nele até a morte, já que isso não funcionaria mais.O Super-Homem acabou por prender Doomsday via viagem no tempo no fim do próprio tempo.
Todos nós já gozámos uma vez ou outra com o ridículo que é o facto de apenas um par de óculos servir como disfarce para o Super-Homem.
Para acabar de uma vez com o mito, John Byrne na sua reformulação do personagem explica no Man of Steel nº 1 de 1986 que os óculos, o cabelo puxado para trás e andar curvado faz Clark Kent parecer um homem totalmente diferente.
Ainda não estão convencidos? Christopher Reeves no primeiro Superman de 1978 tem uma cena em que Clark Kent quase revela a identidade secreta a Lois Lane. Na cena, ele tira os óculos, coloca uma postura direita e altera o tom de voz, parecendo um homem totalmente diferente.
Será que se Clark Kent tirar os óculos para limpar, todos vão ver o Super-Homem? Ou vão simplesmente ignorar?
Os anos 90 foram marcados no mundo dos comics com a frase "revamped for the nineties". Quase todos os heróis das principais editoras (Marvel e DC) sofreram alterações drásticas para competirem com as vendas que as independentes Image e Wildstorm estavam a ter. Alguns especialistas chamam a esta era, a Idade das Trevas do Comics (The Dark Age).
O Hulk sofreu uma fusão das suas três personalidades dominantes (Bruce Banner, o Hulk Cinza e o Hulk Verde), juntando a inteligência e personalidade de Banner, a força bruta do Hulk Verde e o jeito desinibido do Hulk Cinza. A alteração deu-se na revista The Incredible Hulk nº 377 de 1991.
Durante a saga Fatal Atractions, num crossover que colocou as principais equipas mutantes contra um Magneto decidido a exterminar a humanidade, o nosso querido Wolverine teve todo o adamantium retirado dos seus ossos na revista X-Men nº25. Foi nessa mesma saga que descobrimos que as garras caracteristicas dele eram afinal ossos e não implantes como pensávamos até agora. A partir daí ele foi castigado como um mártir. O factor de cura esteve esgotado durante alguns números, as garras foram partidas e uma tentativa para reimplantar o adamantium colocou-o com um aspecto mais bestial (de besta), sem nariz e com uma fala estranha. Wolverine, o que fizeram contigo?
Um Punisher com aspecto demoniaco e sobrenatural. E mais não digo...
A infame Saga do Clone revelou-nos que o Peter Parker que tinhamos visto desde os últimos 20 anos era na realidade um clone. Depois descobriu-se que tinha sido tudo um plano do Norman Osborn para o atacar psicologicamente e que afinal o verdadeiro clone era o Ben Reilly.
Ao Super-Homem aconteceu de tudo. Morreu, ressuscitou com o cabelo cumprido, perdeu os poderes, casou-se, ganhou poderes eléctricos, dividiu-se em dois... enfim... como fazer do Homem de Aço um Homem Bi-Polar...
Bruce Wayne teve as costas partidas pelo vilão Bane e foi substituido por Jean-Paul Valley, vulgo Azrael. Um Batman muito mais violento que o original.
Os Novos Mutantes perderam a inocência. Deixaram de ser estudantes para se tornarem soldados na X-Force, liderados por Cable.
Aquaman teve a sua mão esquerda devorada por piranhas e substituiu-a por um arpão. A barba e o cabelo compridos são apenas extras.
Há muito mais que se pode dizer sobre os heróis nos anos 90 e muitas mais alterações mas vou deixar para uma futura ocasião.
Venho aqui apresentar quais as minhas 5 sagas favoritas da Marvel. Atenção que este é o meu gosto pessoal e poderá não ir de encontro ao que muitos pensam. No entanto, deverão ter em conta que irei explicar o impacto que teve sobre mim.
5 - Acts of Vengeance (Actos de vingança)
Um conceito básico. Os vilões trocam de alvo entre si e atacam heróis que nunca os confrontaram. Por exemplo, o Dr. Doom enfrenta o Punisher, Wolverine enfrenta o Mandarim... O que é importante para mim nesta saga é a história que envolve o Homem-Aranha... ele ganha poderes cósmicos e fica infinitamente poderoso. Foi para mim uma das melhores fases do Homem-Aranha, principalmente no epilogo em que enfrenta os mesmos vilões mas apenas com os seus poderes normais.
4 - Inferno
Eu li esta saga originalmente aos 12 anos. Foi a primeira saga em que pude ler do inicio ao fim e também ler os tie-ins. Conceito básico: uma invasão de demónios em Nova York, utilizando como base um Empire State Building de proporções demoníacas. Pelo meio, vemos objectos inanimados como táxis, cabines telefónicas, elevadores e caixotes do lixo a ganharem vida através da possessão demoníaca. O que é que isto tem a ver com os X-men? Muita coisa. A irmã de Colossus, Ilyana, era a rainha do Limbo e, tendo sido manipulada, abre inadvertidamente um portal do Limbo sobre Nova York. Madelyne Pryor, ex-mulher de Cyclops, trabalha com os demónios, descobre que é um clone de Jean Grey e tenta sacrificar o próprio filho. Por detrás, temos o Sr. Sinistro que tem manipulado o destino da família Summers desde a infância. E, no topo disso, o primeiro encontro entre X-men e X-Factor desde a ressurreição de Jean Grey, Uma saga a não perder.
3 - Secret Wars
Porque é que esta saga está em terceiro lugar? Bem, se eu tivesse lido a saga na altura em que saiu originalmente, provavelmente estaria melhor colocada. No entanto, apenas li na íntegra quando foi publicada na revista A Teia do Aranha nº62 a 66 (edição brasileira). Na altura, a cronologia em Portugal já tinha chegado às revistas americanas de 1991 e pesa um pouco ler uma saga com 7 anos de desfasamento. Não deixa de ser uma grande saga.
2 - Civil War
Uma saga que surpreendeu tudo e todos. Um incidente com super-heróis mata 600 pessoas, entre as quais 60 são crianças numa escola. Tudo é visto em directo na televisão devido a um reality-show envolvendo os New Warriors e tudo é visto como negligência. O Senado aprova a lei de registo de super-humanos, obrigando a que se registem, revelem a sua identidade numa base de dados e aceitem trabalho governamental. Iron Man apoia a lei. Captain America não aprova. Dois lados são criados em que a facção do Capitão América é considerada fora-da-lei, vilões registam-se e passam a caçar heróis legalmente, o Homem-Aranha revela a sua identidade em conferência de imprensa. Enfim, são tantas as voltas que nem dá para respirar. No final, quando pensamos que a facção do Capitão América vai ganhar, ele rende-se ao ver o que guerra civil de super-heróis está a fazer às pessoas normais. No rescaldo da guerra, Tony Stark é nomeado o novo director da S.H.I.E.L.D., o capitão América é morto e a Marvel nunca mais foi a mesma...
1 - The Infinity Gauntlet
Uma palavra para esta ser a minha saga favorita de todos os tempos: Thanos.
O vilão mata metade do Universo com um estalar de dedos para satisfazer a Morte. Num acesso de raiva, causa uma explosão tão grande que afunda as ilhas do Japão e tira a Terra de órbita. Sem nenhum esforço derrota não só os heróis da Terra como as divindades do Universo. Um dia vou contar a história ao pormenor.
Contém também a cena mais heróica do Capitão América. O único herói de pé, que não possui super-poderes para além da sua força e da sua agilidade. Encara frente a frente um Deus...
Uma junção entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde com o monstro de Frankenstein. Foi esse o conceito que Stan Lee teve ao criar o Incrível Hulk. Stan Lee caracterizava o monstro interpretado por Boris Karloff como uma personagem boa mas os aldeões que o perseguiam com tochas é que o enraiveciam.
Criado também como uma reacção à Guerra Fria e com a ameaça nuclear patente, Stan Lee e Jack Kirby tinham todos os elementos para criarem um personagem que ainda hoje perdura como um dos principais da Marvel.
O personagem viria aparecer pela primeira vez na revista The Incredible Hulk nº1 de Maio de 1962.
O Dr. Bruce Banner, cientista na área nuclear, cria uma bomba de radiação gamma. Antes de a activar, repara que um jovem (Rick Jones) estava na área de testes. Banner corre para o tirar da área de testes mas a sabotagem de um espião comunista de nome Igor faz com que se torne vitima da sua própria criação.
Banner escapa praticamente ileso da detonação da bomba. No entanto, os problemas de Banner só agora estavam a começar. Quando cai a noite, Banner transforma-se numa criatura feita de força e raiva brutais: o Hulk.
Ao inicio, apenas Rick Jones sabia do seu segredo e, estando dentro de uma base militar, o Hulk desde o inicio é perseguido pelo exército liderado pelo General Thaddeus E. "Thunderbolt" Ross, pai do interesse romântico de Bruce Banner, Betty Ross.
O vilão desta história teve a sua primeira e única aparição neste número. O Gárgula era um cientista soviético de nome Yuri Topolov que sofreu uma mutação devido à radiação de um acidente atómico que o tornou num anão cabeçudo e grotesco com uma inteligência extremamente alta. Posso arriscar, e esta é apenas a minha opinião pessoal sem ter nenhuma base e fundamento, de que o Gárgula pode muito bem ter sido o protótipo de um dos maiores vilões do Hulk, o Líder. Banner acaba por curá-lo e o Gárgula acaba por destruir vários generais soviéticos numa morte que acaba por ser heróica.
As primeiras transformações são diferentes do que viriam a tornar-se posteriormente. As versões mais utilizadas da transformação do Hulk ocorrem quando Banner tem um estado emocional tão intenso que fazem com que o seu batimento cardíaco se altere e despolentam a transformação no Golias Verde.
No entanto, nesta primeira versão o Hulk transforma-se ao anoitecer, voltando a ser Bruce Banner ao amanhecer. Esta primeira versão também mostra o Hulk da cor cinzenta. Stan Lee escolhia essa cor para não ser inserido em nenhum grupo étnica. No entanto, o colorista Stan Goldberg teve problemas com a cor cinzenta o que resultaram em vários padrões de cinzento no personagem e em alguns até esverdeados. Ao ver o resultado final da primeira revista, Stan Lee optou para mudar a cor do Hulk para verde na segunda edição. Nas reimpressões que foram editadas nas duas décadas seguintes pintavam o Hulk como verde até que a revista The Incredible Hulk 302 de Dezembro de 1984 reintroduziu o Hulk cinzento em flashbacks próximos à sua origem. A partir desse ponto, as reimpressões mostram sempre um Hulk cinzento.
A revista foi cancelada no Nº 6 de Março de 1963 e o Hulk fez algumas aparições em edições do Fantastic Four, do Spider-man e tornou-se membro fundador dos Avengers. Um ano e meio após o cancelamento da série original, Jack Kirby recebeu uma carta de um dormitório de uma faculdade que lhe diziam que tinham adoptado o Hulk como mascote. Ao ver que tinham uma audiência em jovens da faculdade, a Marvel começou a utilizar o Hulk em uma das duas histórias na revista Tales to Astonish, começando no nº 60. a revista seria rebaptizada para The Incredible Hulk no nº 102.
Secret Wars (em português, Gerras Secretas) foi um dos primeiros grandes eventos da Marvel e uma das primeiras mini-séries. Em 1984, a Mattel pretendia editar uma linha de brinquedos baseada nos personagens da Marvel e a melhor forma de a publicar seria a de se criar um grande evento em que reunissem os maiores personagens da Marvel. Jim Shooter, o então editor-chefe da Marvel, decidiu criar uma grande história escrita por si e criou a mega-saga Secret Wars, nome que também seria dado à linha de brinquedos. Secret Wars foi uma publicação mensal de 12 números que iria ter repercussões na continuidade da Marvel. O curioso é que de um mês para o outro as revistas da Marvel já mostravam as alterações na continuidade no pós-guerra enquanto que a mini-série ainda estava no segundo número.
O conceito da minisérie era bastante simples. Uma entidade cósmica chamada Beyonder observou a Terra, os seus heróis e o seu potencial e teleportou uma série de heróis e de vilões para um planeta criado por si. Embora nas revistas da Abril que foram publicadas cá nunca se tenha dado o nome a esse planeta, na América o planeta chamava-se Battleworld. Esse mundo era criado com remendos de outros mundos com tecnologia e edifícios alienígenas e também um bairro terrestre. Beyonder declara ser todo-poderoso e que iria concretizar qualquer desejo à facção que ganhasse.
Os heróis incluíam os Vingadores Capitão América, Capitã Marvel, Gavião Arqueiro, Homem-de-Ferro (Jim Rhodes), Mulher-Hulk, Thor e a Vespa, três membros do Quarteto Fantástico, Sr. Fantástico, Coisa e o Tocha Humana, o Homem-Aranha e a nova Mulher-Aranha que apareceria pela primeira vez a meio da mini-série, o Hulk e os membros dos X-men Colossus, Ciclope, Nocturno, Professor X, Tempestade, Vampira e Wolverine. Magneto também aparece do lado dos heróis embora ele fosse um vilão. Os motivos para ele estar desse lado é porque os motivos dele não eram maléficos de todo. Este acaba para ser o inicio da colaboração que Magneto teve com os X-men durante os anos 80.
Do lado dos vilões teriamos Encantor, Ultron, o Homem-Absorvente, o Destruidor e a gangue da demolição, Kang, Galactus, o Lagarto, o Homem-Molecular, o Dr. Octopus e o Dr. Destino. Mais tarde, o Dr. Destino iria criar também Volcana e Titânia.
Há bastantes confrontos entre ambos os lados. Um dos momentos mais notáveis é quando o Homem-Molecular atira uma montanha inteira em cima dos heróis. Apenas se safaram graças à força bruta do Hulk.
Um dos momentos mais importantes também é a introdução do uniforme negro do Homem-Aranha. Desconhecendo que se tratava de um simbionte, utilizou-o durante algum tempo até descobrir a verdade e o abandonar. O simbionte iria unir-se a Eddie Brock e tornar-se no vilão Venom.
Destino acabaria por roubar parte do poder de Galactus e defrontar o Beyonder, roubando parte do seu poder.
Isso deu inicio à batalha final em que Destino iria perder o poder e ser enviado para uma parte desconhecida.
Esta saga teve repercussões no universo Marvel. O Coisa tinha a capacidade de se tornar humano neste mundo e decidiu ficar para trás. A Mulher-Hulk acabou por substitui-lo temporariamente no Quarteto Fantástico. Colossus, que tinha uma relação amorosa com a menor Kitty Pryde, apaixonou-se pela alienigena Zsaji que se sacrifica para o salvar. Voltando à Terra, termina o namoro. Jim Shooter decidiu acabar com essa relação por ser moralmente errado uma menor de 14 anos ter uma relação com alguém já maior de idade. O Hulk, que na altura tinha a consciência de Bruce Banner, começou gradualmente a tornar-se novamente selvagem.
No Brasil (e em Portugal), as histórias chegavam com um atraso de 5 a 6 anos. No entanto, a fabricante de brinquedos Gulliver queria lançar a linha de bonecos baseados na saga, e pressionou a Abril a lançar a saga sem dar tempo da cronologia regular chegar a Guerras Secretas. Assim, a editora resolveu fazer várias adaptações na arte e nos roteiros para omitir personagens (Vampira, Capitã Marvel) e mudanças de uniformes (Tempestade, Wolverine) até então não apresentadas aos leitores. Guerras Secretas seria lançado quinzenalmente entre 1986 e 1987 no Brasil e em Portugal. Poderão ver na capa brasileira a emissão desses heróis.
Eu não tive a oportunidade de ler o lançamento original quando saiu por isso não posso aprofundar bem essas diferenças. No entanto, estou curioso porque lembro de uma altura em que a Capitã Marvel atravessou um escudo do Homem-Molecular para o atacar e conseguiu atravessá-lo tornando-se em luz. Como é que a Abril conseguiu contornar essa questão?
Pude foi ver alguns anos depois uma versão resumida de 22 páginas que saiu na revista da Editora Abril Capitão América nº119, a altura em que a continuidade no Brasil e em Portugal atingiu o pós-guerra. Só tive oportunidade de ler a saga completa em 1995 quando a Abril publicou na revista "A Teia do Aranha" a versão completa. E quantas vezes eu a li e reli e reli...
Secret Wars teve uma sequela em 1985, a Secret Wars II. Mas como se costuma dizer, as sequelas nunca são tão boas como o original... e se a Marvel tivesse ficado quieta teria feito melhor. Mas isso é apenas a minha opinião e irei um dia contá-la.