segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Os Anos 90 e os Comics

Os anos 90 foram marcados no mundo dos comics com a frase "revamped for the nineties". Quase todos os heróis das principais editoras (Marvel e DC) sofreram alterações drásticas para competirem com as vendas que as independentes Image e Wildstorm estavam a ter. Alguns especialistas chamam a esta era, a Idade das Trevas do Comics (The Dark Age).

O Hulk sofreu uma fusão das suas três personalidades dominantes (Bruce Banner, o Hulk Cinza e o Hulk Verde), juntando a inteligência e personalidade de Banner, a força bruta do Hulk Verde e o jeito desinibido do Hulk Cinza. A alteração deu-se na revista The Incredible Hulk nº 377 de 1991.

Durante a saga Fatal Atractions, num crossover que colocou as principais equipas mutantes contra um Magneto decidido a exterminar a humanidade, o nosso querido Wolverine teve todo o adamantium retirado dos seus ossos na revista X-Men nº25. Foi nessa mesma saga que descobrimos que as garras caracteristicas dele eram afinal ossos e não implantes como pensávamos até agora. A partir daí ele foi castigado como um mártir. O factor de cura esteve esgotado durante alguns números, as garras foram partidas e uma tentativa para reimplantar o adamantium colocou-o com um aspecto mais bestial (de besta), sem nariz e com uma fala estranha. Wolverine, o que fizeram contigo?
Um Punisher com aspecto demoniaco e sobrenatural. E mais não digo...
A infame Saga do Clone revelou-nos que o Peter Parker que tinhamos visto desde os últimos 20 anos era na realidade um clone. Depois descobriu-se que tinha sido tudo um plano do Norman Osborn para o atacar psicologicamente e que afinal o verdadeiro clone era o Ben Reilly.
Ao Super-Homem aconteceu de tudo. Morreu, ressuscitou com o cabelo cumprido, perdeu os poderes, casou-se, ganhou poderes eléctricos, dividiu-se em dois... enfim... como fazer do Homem de Aço um Homem Bi-Polar...

Bruce Wayne teve as costas partidas pelo vilão Bane e foi substituido por Jean-Paul Valley, vulgo Azrael. Um Batman muito mais violento que o original.
Os Novos Mutantes perderam a inocência. Deixaram de ser estudantes para se tornarem soldados na X-Force, liderados por Cable.

Aquaman teve a sua mão esquerda devorada por piranhas e substituiu-a por um arpão. A barba e o cabelo compridos são apenas extras.

Há muito mais que se pode dizer sobre os heróis nos anos 90 e muitas mais alterações mas vou deixar para uma futura ocasião.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Meu Top 5 de sagas da Marvel

Venho aqui apresentar quais as minhas 5 sagas favoritas da Marvel. Atenção que este é o meu gosto pessoal e poderá não ir de encontro ao que muitos pensam. No entanto, deverão ter em conta que irei explicar o impacto que teve sobre mim.

5 - Acts of Vengeance (Actos de vingança)
 Um conceito básico. Os vilões trocam de alvo entre si e atacam heróis que nunca os confrontaram. Por exemplo, o Dr. Doom enfrenta o Punisher, Wolverine enfrenta o Mandarim... O que é importante para mim nesta saga é a história que envolve o Homem-Aranha... ele ganha poderes cósmicos e fica infinitamente poderoso. Foi para mim uma das melhores fases do Homem-Aranha, principalmente no epilogo em que enfrenta os mesmos vilões mas apenas com os seus poderes normais.

4 - Inferno
 Eu li esta saga originalmente aos 12 anos. Foi a primeira saga em que pude ler do inicio ao fim e também ler os tie-ins. Conceito básico: uma invasão de demónios em Nova York, utilizando como base um Empire State Building de proporções demoníacas. Pelo meio, vemos objectos inanimados como táxis, cabines telefónicas, elevadores e caixotes do lixo a ganharem vida através da possessão demoníaca. O que é que isto tem a ver com os X-men? Muita coisa. A irmã de Colossus, Ilyana, era a rainha do Limbo e, tendo sido manipulada, abre inadvertidamente um portal do Limbo sobre Nova York. Madelyne Pryor, ex-mulher de Cyclops, trabalha com os demónios, descobre que é um clone de Jean Grey e tenta sacrificar o próprio filho. Por detrás, temos o Sr. Sinistro que tem manipulado o destino da família Summers desde a infância. E, no topo disso, o primeiro encontro entre X-men e X-Factor desde a ressurreição de Jean Grey, Uma saga a não perder.

3 - Secret Wars
 Porque é que esta saga está em terceiro lugar? Bem, se eu tivesse lido a saga na altura em que saiu originalmente, provavelmente estaria melhor colocada. No entanto, apenas li na íntegra quando foi publicada na revista A Teia do Aranha nº62 a 66 (edição brasileira). Na altura, a cronologia em Portugal já tinha chegado às revistas americanas de 1991 e pesa um pouco ler uma saga com 7 anos de desfasamento. Não deixa de ser uma grande saga.

2 - Civil War

 Uma saga que surpreendeu tudo e todos. Um incidente com super-heróis mata 600 pessoas, entre as quais 60 são crianças numa escola. Tudo é visto em directo na televisão devido a um reality-show envolvendo os New Warriors e tudo é visto como negligência. O Senado aprova a lei de registo de super-humanos, obrigando a que se registem, revelem a sua identidade numa base de dados e aceitem trabalho governamental. Iron Man apoia a lei. Captain America não aprova. Dois lados são criados em que a facção do Capitão América é considerada fora-da-lei, vilões registam-se e passam a caçar heróis legalmente, o Homem-Aranha revela a sua identidade em conferência de imprensa. Enfim, são tantas as voltas que nem dá para respirar. No final, quando pensamos que a facção do Capitão América vai ganhar, ele rende-se ao ver o que guerra civil de super-heróis está a fazer às pessoas normais. No rescaldo da guerra, Tony Stark é nomeado o novo director da S.H.I.E.L.D., o capitão América é morto e a Marvel nunca mais foi a mesma...

1 - The Infinity Gauntlet
Uma palavra para esta ser a minha saga favorita de todos os tempos: Thanos.
O vilão mata metade do Universo com um estalar de dedos para satisfazer a Morte. Num acesso de raiva, causa uma explosão tão grande que afunda as ilhas do Japão e tira a Terra de órbita. Sem nenhum esforço derrota não só os heróis da Terra como as divindades do Universo. Um dia vou contar a história ao pormenor.
Contém também a cena mais heróica do Capitão América. O único herói de pé, que não possui super-poderes para além da sua força e da sua agilidade. Encara frente a frente um Deus...
Sem dúvida, a melhor saga de todos os tempos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

The Incredible Hulk Nº1

Uma junção entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde com o monstro de Frankenstein. Foi esse o conceito que Stan Lee teve ao criar o Incrível Hulk. Stan Lee caracterizava o monstro interpretado por Boris Karloff como uma personagem boa mas os aldeões que o perseguiam com tochas é que o enraiveciam. 
Criado também como uma reacção à Guerra Fria e com a ameaça nuclear patente, Stan Lee e Jack Kirby tinham todos os elementos para criarem um personagem que ainda hoje perdura como um dos principais da Marvel.
O personagem viria aparecer pela primeira vez na revista The Incredible Hulk nº1 de Maio de 1962.
O Dr. Bruce Banner, cientista na área nuclear, cria uma bomba de radiação gamma. Antes de a activar, repara que um jovem (Rick Jones) estava na área de testes. Banner corre para o tirar da área de testes mas a sabotagem de um espião comunista de nome Igor faz com que se torne vitima da sua própria criação.
Banner escapa praticamente ileso da detonação da bomba. No entanto, os problemas de Banner só agora estavam a começar. Quando cai a noite, Banner transforma-se numa criatura feita de força e raiva brutais: o Hulk.

Ao inicio, apenas Rick Jones sabia do seu segredo e, estando dentro de uma base militar, o Hulk desde o inicio é perseguido pelo exército liderado pelo General Thaddeus E. "Thunderbolt" Ross, pai do interesse romântico de Bruce Banner, Betty Ross. 
O vilão desta história teve a sua primeira e única aparição neste número. O Gárgula era um cientista soviético de nome Yuri Topolov que sofreu uma mutação devido à radiação de um acidente atómico que o tornou num anão cabeçudo e grotesco com uma inteligência extremamente alta. Posso arriscar, e esta é apenas a minha opinião pessoal sem ter nenhuma base e fundamento, de que o Gárgula pode muito bem ter sido o protótipo de um dos maiores vilões do Hulk, o Líder. Banner acaba por curá-lo e o Gárgula acaba por destruir vários generais soviéticos numa morte que acaba por ser heróica.

As primeiras transformações são diferentes do que viriam a tornar-se posteriormente. As versões mais utilizadas da transformação do Hulk ocorrem quando Banner tem um estado emocional tão intenso que fazem com que o seu batimento cardíaco se altere e despolentam a transformação no Golias Verde.
No entanto, nesta primeira versão o Hulk transforma-se ao anoitecer, voltando a ser Bruce Banner ao amanhecer. Esta primeira versão também mostra o Hulk da cor cinzenta. Stan Lee escolhia essa cor para não ser inserido em nenhum grupo étnica. No entanto, o colorista Stan Goldberg teve problemas com a cor cinzenta o que resultaram em vários padrões de cinzento no personagem e em alguns até esverdeados. Ao ver o resultado final da primeira revista, Stan Lee optou para mudar a cor do Hulk para verde na segunda edição. Nas reimpressões que foram  editadas nas duas décadas seguintes pintavam o Hulk como verde até que a revista The Incredible Hulk 302 de Dezembro de 1984 reintroduziu o Hulk cinzento em flashbacks próximos à sua origem. A partir desse ponto, as reimpressões mostram sempre um Hulk cinzento. 
A revista foi cancelada no Nº 6 de Março de 1963 e o Hulk fez algumas aparições em edições do Fantastic Four, do Spider-man e tornou-se membro fundador dos Avengers. Um ano e meio após o cancelamento da série original, Jack Kirby recebeu uma carta de um dormitório de uma faculdade que lhe diziam que tinham adoptado o Hulk como mascote. Ao ver que tinham uma audiência em jovens da faculdade, a Marvel começou a utilizar o Hulk em uma das duas histórias na revista Tales to Astonish, começando no nº 60. a revista seria rebaptizada para The Incredible Hulk no nº 102.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Secret Wars


Secret Wars (em português, Gerras Secretas) foi um dos primeiros grandes eventos da Marvel e uma das primeiras mini-séries. Em 1984, a Mattel pretendia editar uma linha de brinquedos baseada nos personagens da Marvel e a melhor forma de a publicar seria a de se criar um grande evento em que reunissem os maiores personagens da Marvel. Jim Shooter, o então editor-chefe da Marvel, decidiu criar uma grande história escrita por si e criou a mega-saga Secret Wars, nome que também seria dado à linha de brinquedos. Secret Wars foi uma publicação mensal de 12 números que iria ter repercussões na continuidade da Marvel. O curioso é que de um mês para o outro as revistas da Marvel já mostravam as alterações na continuidade no pós-guerra enquanto que a mini-série ainda estava no segundo número.

O conceito da minisérie era bastante simples. Uma entidade cósmica chamada Beyonder observou a Terra, os seus heróis e o seu potencial e teleportou uma série de heróis e de vilões para um planeta criado por si. Embora nas revistas da Abril que foram publicadas cá nunca se tenha dado o nome a esse planeta, na América o planeta chamava-se Battleworld. Esse mundo era criado com remendos de outros mundos com tecnologia e edifícios alienígenas  e também um bairro terrestre. Beyonder declara ser todo-poderoso e que iria concretizar qualquer desejo à facção que ganhasse.
Os heróis incluíam os Vingadores Capitão América, Capitã Marvel, Gavião Arqueiro, Homem-de-Ferro (Jim Rhodes), Mulher-Hulk, Thor e a Vespa, três membros do Quarteto Fantástico, Sr. Fantástico, Coisa e o Tocha Humana, o Homem-Aranha e a nova Mulher-Aranha que apareceria pela primeira vez a meio da mini-série, o Hulk e os membros dos X-men Colossus, Ciclope, Nocturno, Professor X, Tempestade, Vampira e Wolverine. Magneto também aparece do lado dos heróis embora ele fosse um vilão. Os motivos para ele estar desse lado é porque os motivos dele não eram maléficos de todo. Este acaba para ser o inicio da colaboração que Magneto teve com os X-men durante os anos 80.
 
Do lado dos vilões teriamos Encantor, Ultron, o Homem-Absorvente, o Destruidor e a gangue da demolição, Kang, Galactus, o Lagarto, o Homem-Molecular, o Dr. Octopus e o Dr. Destino. Mais tarde, o Dr. Destino iria criar também Volcana e Titânia.
 
Há bastantes confrontos entre ambos os lados. Um dos momentos mais notáveis é quando o Homem-Molecular atira uma montanha inteira em cima dos heróis. Apenas se safaram graças à força bruta do Hulk.
Um dos momentos mais importantes também é a introdução do uniforme negro do Homem-Aranha. Desconhecendo que se tratava de um simbionte, utilizou-o durante algum tempo até descobrir a verdade e o abandonar. O simbionte iria unir-se a Eddie Brock e tornar-se no vilão Venom.

Destino acabaria por roubar parte do poder de Galactus e defrontar o Beyonder, roubando parte do seu poder. 

Isso deu inicio à batalha final em que Destino iria perder o poder e ser enviado para uma parte desconhecida.
Esta saga teve repercussões no universo Marvel. O Coisa tinha a capacidade de se tornar humano neste mundo e decidiu ficar para trás. A Mulher-Hulk acabou por substitui-lo temporariamente no Quarteto Fantástico. Colossus, que tinha uma relação amorosa com a menor Kitty Pryde, apaixonou-se pela alienigena Zsaji que se sacrifica para o salvar. Voltando à Terra, termina o namoro. Jim Shooter decidiu acabar com essa relação por ser moralmente errado uma menor de 14 anos ter uma relação com alguém já maior de idade. O Hulk, que na altura tinha a consciência de Bruce Banner, começou gradualmente a tornar-se novamente selvagem. 


No Brasil (e em Portugal), as histórias chegavam com um atraso de 5 a 6 anos. No entanto, a fabricante de brinquedos Gulliver queria lançar a linha de bonecos baseados na saga, e pressionou a Abril a lançar a saga sem dar tempo da cronologia regular chegar a Guerras Secretas. Assim, a editora resolveu fazer várias adaptações na arte e nos roteiros para omitir personagens (Vampira, Capitã Marvel) e mudanças de uniformes (Tempestade, Wolverine) até então não apresentadas aos leitores. Guerras Secretas seria lançado quinzenalmente entre 1986 e 1987 no Brasil e em Portugal. Poderão ver na capa brasileira a emissão desses heróis.
 Eu não tive a oportunidade de ler o lançamento original quando saiu por isso não posso aprofundar bem essas diferenças. No entanto, estou curioso porque lembro de uma altura em que a Capitã Marvel atravessou um escudo do Homem-Molecular para o atacar e conseguiu atravessá-lo tornando-se em luz. Como é que a Abril conseguiu contornar essa questão? 
Pude foi ver alguns anos depois uma versão resumida de 22 páginas que saiu na revista da Editora Abril Capitão América nº119, a altura em que a continuidade no Brasil e em Portugal atingiu o pós-guerra. Só tive oportunidade de ler a saga completa em 1995 quando a Abril publicou na revista "A Teia do Aranha" a versão completa. E quantas vezes eu a li e reli e reli...
Secret Wars teve uma sequela em 1985, a Secret Wars II. Mas como se costuma dizer, as sequelas nunca são tão boas como o original... e se a Marvel tivesse ficado quieta teria feito melhor. Mas isso é apenas a minha opinião e irei um dia contá-la.









quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Spider-man - Amazing Fantasy Nº 15

Jovens adolescentes, franzinos e caixa-de-óculos eram o público alvo dos comics nas décadas de 50 e 60. Foi precisamente um personagem igual ao público alvo que Stan Lee quis criar para um super-herói em 1962, alguém com quem os jovens se pudessem identificar, alguém que tinha problemas comuns da adolescência. Na época, os heróis adolescentes eram apenas vistos como sidekicks de grandes heróis já estabelecidos. O Batman tinha o Robin, o Flash tinha o Kid Flash, o Aquaman tinha o Aqualad... isto apenas para dar alguns exemplos.
Stan Lee falou com Jack Kirby sobre a sua ideia mas não gostou dos desenhos que Kirby lhe mostrou. Não que fossem maus. O personagem parecia demasiado heróico e não era isso que Lee tinha em mente. Stan Lee então falou com Steve Ditko e os resultados foram muito satisfatórios.
A sua primeira aparição foi na revista Amazing Fantasy Nº15 de Agosto de 1962, a última edição desta revista, surgiu então o Homem-Aranha numa história de 13 páginas auto-intitulada "Spider-man". E que conceito revolucionário que foi. A história mostrava-nos Peter Parker, um jovem de 15 anos (idade revelada durante a maxi-saga "Civil War" de 2007), cuja paixão pela ciência e o aspecto "marrão" o punha de parte pelos outros colegas de escola. Nas primeiras páginas nota-se o insucesso que tinha com as raparigas e o gozo do qual era alvo pelos colegas.
Qualquer jovem poderia se identificar nestas páginas. 
Peter vai assistir a uma demonstração de radioactividade e, sem que ninguém reparasse, uma aranha passa pelo meio dos raios radioactivos. A aranha radioactiva acaba por morder Peter Parker dando-lhe poderes equivalentes aos de uma aranha. Peter apercebe-se quando, ao quase ser atropelado por um automóvel, sente uma espécie de sexto-sentido (o famoso sentido de aranha) que o alerta do perigo e salta agarrando-se à parede de um prédio. Peter escala a parede como uma aranha e, chegando ao topo, dobra um cano de aço como se fosse papel. Peter apercebe-se da agilidade e  dos poderes que a aranha lhe passou e decide fazer um teste entrando num ringue de luta-livre.
Por 100 dólares, teria de se manter dentro de um ringue com um wrestler profissional chamado Crusher Hogan. Peter usa um disfarce para não o reconhecerem porque caso perdesse seria a chacota da escola novamente e acaba por ganhar facilmente o prémio. Um produtor de televisão vê o combate e contrata-o, pedindo-lhe que mantive-se uma máscara para manter a aura de mistério. É aqui que vemos aquilo que nós faríamos se estivéssemos no lugar de Peter Parker. Não seria pela verdade e pela justiça que iríamos usar estes poderes. Seria pela fama, pela glória e pelo dinheiro. Novamente Stan Lee mostrou a capacidade da Marvel de criar personagens não só com virtudes mas também com grandes defeitos.

Peter chega a casa onde vivia com os seus tios, Ben Parker e May Parker, e cria o famoso uniforme do Homem-Aranha e um dispositivo colocado nos pulsos que lhe permitiria lançar um fluido criado por si que iria se assemelhar a teia de aranha.
O Homem- Aranha torna-se um sucesso de TV e Peter, embriagado pelo sucesso, deixa fugir um ladrão por não ser o trabalho dele.

Um dia chega a casa, descobre que o seu tio Ben foi brutalmente assassinado por um assaltante. Enraivecido, persegue o assaltante até um armazém abandonado onde o confronta. Após o derrotar, verifica que é o mesmo ladrão que anteriormente tinha deixado fugir. Se Peter o tivesse apanhado, o seu tio estaria vivo. Assim, aprende a grande lição de que, com grande poder deve vir também grande responsabilidade.
O sucesso comercial foi tão grande que em Março de 1963 o Homem-Aranha ganhou a sua própria revista (The Amazing Spider-man) e tornou-se o personagem mais bem sucedido da Marvel.

Fantastic Four Nº1



Em 1961, Martin Goodman, um dos directores da Marvel Comics verificou que uma das revistas da National Comics (antiga DC Comics) estava a vender mais que as outras revistas: a famosa Justice League of America, equipa composta por super-heróis de elite como Superman, Batman, Aquaman, The Flash, Green Lantern, entre outros. Nessa época, a Marvel publicava revistas com histórias de monstros. Martin Goodman pediu ao seu editor de comics, Stan Lee para criar uma revista sobre uma equipa de super-heróis que pudesse rivalizar com a JLA.
Stan Lee viu nesta oportunidade a hipótese de criar uma história ao seu gosto, uma história que pudesse gostar de ler e cujos personagens tivessem falhas e não só virtudes, seriam personagens de carne e sangue e que dentro dos seus uniformes coloridos estariam também telhados de vidro.
Lee criou o guião da primeira revista a Jack Kirby que acabou por desenhá-la, criando assim o método Marvel, tendo sido adoptado como procedimento em um ano dentro da empresa.
A primeira coisa que notamos neste primeiro número é que os seus personagens não utilizam identidades secretas nem máscaras para as ocultar. Reed Richards, o Senhor Fantástico (Mr. Fantastic), Susan Storm, a Mulher Invisivel (Invisible Girl e posteriormente Invisible Woman), Johnny Storm, o Tocha Humana (Human Torch) e Ben Grimm, o Coisa (the Thing) formavam uma equipa que também era uma familia. Reed Richards, um génio cientifico, e Susan Storm formavam o interesse romântico; Johnny Storm, o irmão adolescente de Susan Storm e também dando um certo ar de rebeldia, pregando constantes partidas a Ben Grimm, o melhor amigo de Reed Richards.

As primeiras páginas mostram Reed Richards a lançar um foguete ao ar cujo fumo forma as palavras Fantastic Four. Nas páginas seguintes temos as primeiras aparições dos nossos heróis e demonstração dos seus poderes, mostrando de seguida a sua origem. Reed Richards pretendia estudar os raios cósmicos e para isso convence os restantes membros da equipa a irem num foguetão não autorizados aventurarem-se no espaço. Devido a falhas no isolamento, acabam por ser atingidos por radiação cósmicas, sofrendo as mutação que lhes dão poderes. Reed Richards torna-se elastico, Susan Storm pode tornar-se invisivel, Johnny Storm pode criar fogo à sua volta e voar e Ben Grimm torna-se numa criatura de aspecto rochoso e laranja ficando com uma força brutal.
A parte que eu não compreendo é porque é que alguém que decide fazer algo claramente ilegal e perigoso, decide levar aqueles mais queridos a ele consigo. Quanto a Ben Grimm até compreendo. Afinal ele era piloto de aviões. Agora levar a rapariga de quem gostamos e o irmão adolescente consigo... É algo do estilo "Tás a ver como gosto de desafiar o perigo? Sou bué de mau!! Mostra aí ao pirralho do teu irmão o que é ter estilo. É ser um nerd que só vê ciência e que faz cenas perigosas!" Ou então, melhor ainda: "Tás a ver como sempre te consigo levar às estrelas? Agora cuidado porque provavelmente vamos todos morrer."

Após esta introdução, é-nos revelado o motivo desta convocação. O seu primeiro vilão, o Toupeira (Mole Man) envia monstros do sub-solo para a superfície como  forma de vingança contra a humanidade que sempre o tratou mal pelo seu aspecto.
 Esta revista mostra ainda um pouco da direcção que a Marvel levava até agora com histórias de monstros. De notar que nesta história, os Fantastic Four ainda não usavam os uniformes azuis que vieram a caracterizá-los, usando no seu lugar uns fatos-de-macaco roxos.

Esta revista deu inicio à chamada Marvel Age of Comics. Stan Lee na altura estava disposto a abandonar o ramo dos comics após duas décadas mas devido ao sucesso inesperado que esta revista teve, continuou. Começou a publicar as cartas dos fãs numa coluna a partir do número 3. Também a partir da revista 3, começaram a usar uniformes a partir de uma sugestão de um fã e a revista começou a usar o slogan "The Greatest Comic Magazine in the World!" ( A maior revista de Comics do Mundo), passando na revista seguinte a usar o slogan "The World's Greatest Comic Magazine!".

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Action Comics Nº 1 - Começa a febre.


Corria o mês de Junho de 1938 quando surgiram nas bancas americanas a revista Action Comics nº 1. A revista era uma compilação de várias histórias onde estrelavam Zatara, o mestre mágico, o cowboy Chuck Dawson, entre outros. Mas as honras da capa iam para um novo personagem chamado Superman. A sua primeira história tinha apenas 13 páginas. Ainda não tinha os poderes de voar, visão de calor, visão raio-X, super-sopro, super-audição.
A primeira página da história explica a sua origem "a despachar". Um planeta distante é destruído por velhice (?!?!?), um cientista envia o seu filho ainda criança num foguete em direcção à Terra onde é encontrado por um motorista que o entrega a um orfanato. Os funcionários do orfanato ficaram espantados com a sua força e quando ele atingiu a maturidade descobriu que podia saltar mais alto que um prédio de 20 andares, levantar quantidades enormes de peso e correr mais rápido que um comboio. Clark Kent decide então criar a identidade de Superman, A explicação que a própria revista dá para os seus poderes é que, como Clark Kent veio de um planeta onde os habitantes tinha uma estrutura física milhões de anos mais avançada que a nossa, ele é comparável a uma formiga a levantar pesos centenas de vezes superior ao seu e um gafanhoto a saltar.
Isto só na primeira página. A primeira coisa que reflicto aqui é, quando é que se sabe que um planeta está velho? Quando já tem dores nas articulações? Quando surgem cabelos brancos? Reparem que ainda não é dado nome ao planeta Krypton, nem se fala dos Kents e que quem descobriu o foguete foi um motorista casual. Esta origem iria ter a sua prímeira alteração em 1939 em Superman Nº1 em que quem descobre o foguete são os Kents e já se dá o nome ao planeta Krypton. (a primeira de muitas alterações sendo a mais recente em 2011 com o reboot da DC (outro reboot).
Voltando a esta revista. Clark Kent trabalha no jornal Daily Star (e não o Daily Planet de actualmente), invade a casa do governador a meio da noite com provas da inocência de uma condenada à morte, evita um caso de violência doméstica espancando o marido, tem um encontro com a Lois Lane em que se arma em mariquinhas quando um tipo se mete para dançar com ela (o que faz com que ela vá imediatamente para casa) e segue-a no táxi quando vê que o engraçadinho que se meteu com a Lois a persegue com uns amigos, salvando assim Lois Lane pela primeira vez. Na mesma história vai ainda a Washington e desmascara uma tentativa de corrupção a um senador. Isto em apenas13 páginas.
Se fosse nos dias de hoje seria precisa uma super-saga de 6 revistas.
A revista Action Comics durou até Agosto de 2011 com o número 904. Ainda este mês será relançada como parte do reboot da DC.

Introdução



Boas a todos.

A maioria daqueles que me conhece pessoalmente sabe que eu tenho uma paixão por banda-desenhada de supe-heróis, ou como é mais usual, os comics.
O objectivo deste blog é dar a conhecer alguns dos melhores comics, das melhores sagas e também partilhar noticias deste maravilhoso mundo.

Esperem que gostem :)